Vereadores de Curitiba engavetam projeto que obrigava identificação de veículos da Câmara

Após ser aprovado em 1º turno na semana passada, proposta teve votação em 2º turno adiada para 2021





Vereador Pier Petruziello classificou debate sobre transparência como "medíocre". Foto: Rodrigo Fonseca/CMC

A Câmara de Curitiba decidiu nesta segunda-feira (28) adiar para a próxima legislatura a votação em 2º turno do Projeto de Lei que obrigava a identificação dos veículos oficiais do legislativo. A proposta, que buscava ampliar mecanismos de transparência e controle do uso do patrimônio, havia sido aprovada em 1º turno na semana passada pela maioria.

O adiamento por 35 sessões, solicitado pela vereadora Julieta Reis (DEM), significa que ele não será debatido pelos atuais vereadores. No caso de a autora do projeto não compor a próxima legislatura, ele será arquivado e só voltará ao debate se apresentado por outro parlamentar na próxima legislatura.

As principais alegações contrárias ao projeto foram a necessidade de um aditivo ao contrato atual de locação de carros em vigência e que a proposta “não poderia estar sendo debatido às vésperas de uma eleição”.

A autora do projeto contrapôs as justificativas, classificando-as como equivocadas. “Essas argumentações demonstram que os vereadores não leram o teor do projeto. 1º) o PL prevê que a regra valeria a partir do próximo contrato de locação de veículos pela Câmara; 2º) este PL foi apresentado no ano passado, mas somente agora foi incluído na pauta de votações pela presidência”, respondeu Josete.

Para a vereadora, o adiamento do projeto foi uma manobra para arquivá-lo. “Adiar por 35 sessões esse debate é uma piada. A proposta passou pela Comissão de Legislação, foi apresentado um Substitutivo e na semana passada foi aprovado sem qualquer debate, sem ninguém levantar problemas. Se há dúvidas nele, seria necessário adiar por 35 sessões? Adiar ele para a próxima legislatura? Ao que parece querem enterrar a discussão”, afirmou a autora.

Durante os debates na sessão remota, o projeto foi chamado de “medíocre” e “ridículo” pelo líder do prefeito, Pier Petruziello (PTB), que afirmou que ele “não acrescentaria nada para Curitiba”. “É ridículo a gente estar discutindo isso em uma sessão da Câmara, é um projeto medíocre”, afirmou.

A fala foi rebatida pela petista. “Já divergi de opiniões de colegas, isso é natural e faz parte do parlamento, mas nunca faltei com respeito com ninguém. É lamentável que na falta de argumento alguns partam para o desrespeito com o trabalho de colegas”, afirmou Josete. “Infelizmente essa Casa deixou hoje uma mensagem a população que não quer garantir maior transparência em seus atos”, acrescentou.

A votação do adiamento do PL foi simbólica, sem a votação no painel. Oito vereadores foram contra o engavetamento do projeto: Professora Josete, Maria Leticia, Noemia Rocha, Cacá Pereira, Dalton Borba, Herivelton de Oliveira, Marcos Vieira, Professor Euler e Professor Silberto.