Servidores denunciam desestruturação do SAMU em Curitiba

Em momento de valorização do SUS, Greca está terceirizando atendimento serviço de urgência e emergência





Prefeito participa de homenagem ao SAMU. Foto: Pedro Ribas/SMCS

A pandemia de Covid-19 fez a população brasileira e muitos gestores públicos acordarem para a necessidade valorização do Sistema Único de Saúde (SUS). Tanto que a primeira pessoa vacina no Brasil foi uma enfermeira que trabalha em um hospital público com uma vacina produzida em parceria entre a Sinovac e o Instituto Butantan. Contudo, nem todos gestores caminham nesta mesma realidade. É o caso do prefeito de Curitiba, Rafael Greca (DEM), que segue com a visão de precarização e privatização da saúde pública. Pelo menos é o que denuncia o Coletivo Sismuc Somos Nós, formado por servidores públicos municipais.

Em uma carta aberta, o Coletivo alerta que mesmo com cerca de 110 mil casos confirmados, 2439 vidas perdidas e mais de 83% de leitos ocupados em nossa cidade, o prefeito resolveu terceirizar todo o Serviço de Urgência e Emergência da prefeitura, leia-se SAMU.

“Nosso coletivo ouviu médicos, enfermeiros, administrativos e outros profissionais que atuam no SAMU e na regulação, e nos solidarizamos com esses profissionais que, em menos de um ano, são aplaudidos pela bravura e heroísmo com que enfrentaram e enfrentam a pandemia e agora são informados que em menos de trinta dias terão suas atividades interrompidas pela terceirização do serviço”, comenta a nota.

:: Confira a carta aberta do Coletivo sobre a terceirização do SAMU

Segundo o Coletivo, a terceirização da saúde se intensificou a partir de 2017 e “acarretou em alta rotatividade de profissionais, em contratações precarizadas, e quem sofre é o usuário que precisa de um serviço de qualidade”.

A terceirização do SAMU foi anunciada no último dia 14, quando a Secretaria de Saúde informou que pretende repassar a administração para a Fundação Estatal de Atenção em Saúde (FEAS). O último dia de trabalho é 31 de janeiro.

Para o Coletivo, “remover essas equipes por pessoas sem tal experiência seria colocar vidas em risco e até mesmo submeter esses novos profissionais à ameaça da contaminação, podendo levar ao caos, tal como está se vendo em Manaus, por outras razões”.

Prefeito Rafael Greca participa com o deputado estadual Michele Caputo Neto, e a secretária da Saúde, Márcia Huçulak, da homenagem aos 15 anos do SAMU, na Assembleia Legislativa. Curitiba, 11/09/2019. Foto: Pedro Ribas/SMCS

Greca elogiava SAMU

Antes de entregar a gestão do SAMU ao FEAS, o prefeito e a secretária de saúde de Curitiba, Márcia Huçulak elogiavam os mais de 470 profissionais, entre médicos, enfermeiros, técnicos de enfermagem, condutores socorristas e rádio operadores. Em uma sessão solene na Assembleia Legislativa do Paraná, Greca disse que “estou aqui, positivo e operante, ‘funcionando’ e ‘prefeitando’ por causa do Samu”, disse após ser operado as pressas por um médico do SAMU em 2018.

Já a secretária que terceiriza a atividade afirmou há época que “Vocês são os anjos que estão presente na vida de milhares de pessoas. Muito obrigada a todos vocês pelo trabalho e pela dedicação”.