Sindicato teme pela saúde da comunidade acadêmica com retorno de aulas presenciais nas universidades

Curitiba e Região Metropolitana contam com mais de 120 mil alunos de ensino superior matriculados e cerca de 5 mil docentes




FonteAscom Sinpes

Universidade Positivo. Foto: Imprensa UP

O Sindicato dos Professores de Ensino Superior de Curitiba e Região Metropolitana (Sinpes) foi alertado de que algumas instituições de ensino da capital começaram a retomar as aulas presenciais. Docentes de cinco delas procuraram a entidade porque estão sendo obrigados a voltar no momento em que a pandemia por Covid-19 bate recordes nos números de infectados e mortos pela doença e as UTIs encontram-se ocupadas em percentuais superiores a 90%.

Professores(as) do Centro Universitário UniDomBosco, do Centro Universitário UniOpet, da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (Puc-PR), da Unicesumar e da Universidade Positivo entraram em contato com o sindicato.

No UniDombosco, como já denunciado pelo Sinpes em março, as aulas práticas dos cursos de Educação Física, Enfermagem, Fisioterapia, Odontologia e Psicologia retornaram ao modelo híbrido no dia 22 de março. Na Unicesumar, as aulas do período matutino já teriam voltado e as dos outros turnos voltam em 19 de abril. Na Puc-PR, aos poucos as aulas presenciais têm sido retomadas. Segundo denúncia encaminhada ao Sinpes, os cursos de Engenharias e Multicom – com aulas práticas em Laboratórios de Comunicação – já estariam no modelo híbrido.

Docentes da Universidade Positivo (UP) receberam circular noticiando que o retorno ocorrerá no início do próprio semestre e as aulas no UniOpet regressam nos próximos dias.
Algumas dessas denúncias vêm inclusive acompanhadas de fotografias mostrando que, em alguns casos em que o retorno já aconteceu, existe a prática de aglomeração e falta de utilização de máscaras nos intervalos das aulas.

Para o Sinpes, obrigar professores, estudantes e auxiliares administrativos de instituições de ensino superior a voltar ao trabalho presencial, mesmo que no sistema híbrido e respeitando normas de segurança contra a Covid-19 (o que acaba não sendo fiscalizado na prática) é uma irresponsabilidade que pode colocar milhares de vidas em risco. Apenas com a vacinação de todos os protagonistas é possível voltar às aulas de forma segura.

Além disso, o Sindicato pondera que universidades em vários estados estão voltando atrás e postergando a volta às salas de aula. No estado de São Paulo, por exemplo, as universidades públicas e privadas decidiram, no dia 11 de março, manter apenas o ensino remoto na maior parte dos cursos.

Agravamento de casos

Curitiba e Região Metropolitana contam com mais de 120 mil alunos de ensino superior segundo dados do Censo da Educação Superior de 2018. Destes, cerca de 72% estão no ensino privado. Essa volta certamente representará um agravamento no número de casos e mortes por Covid-19 na capital paranaense e nas cidades de sua Região Metropolitana.
De acordo com dados da Secretaria de Estado da Saúde do Paraná divulgados em março, a média de idade dos infectados, no estado, é de 39 anos. A faixa etária com o maior número de casos é de 30 a 39 anos, seguida de 20 a 29 anos e de 40 a 49 anos. O Mapa do Ensino Superior no Brasil 2020 mostra que os estudantes das instituições de ensino superior brasileiras possuem entre 19 e 24 anos, encaixando-se na segunda faixa de maior faixa de infecção por Coronavírus (20 a 29 anos).

Em Curitiba e Região Metropolitana atuam cerca de cinco mil docentes e em torno de dois mil auxiliares de administração escolar que trabalham em instituições privadas. Destes, muitos pertencem a grupos de risco como revelou pesquisa feita pelo Sinpes no mês de fevereiro, quando 32,2% dos entrevistados declarou pertencer a estes grupos. Na mesma pesquisa, 81,9% responderam que são contra o retorno das aulas presenciais antes das vacinas chegarem aos professores.

Professores(as) estão expostos diariamente nas salas de aulas. A infecção em sala de aula é uma realidade preocupante. Estudo sobre casos de Covid-19 nas escolas estaduais paulistas, produzido pela Rede Escola Pública e Universidade (Repu), revela que a incidência de covid-19 entre educadores foi quase três vezes maior do que na população estadual de mesma faixa etária (25 a 59 anos). O levantamento também demonstra que a taxa de crescimento de casos durante a chamada “segunda onda” também é maior do que se supunha. Entre 7 de fevereiro e 6 de março, período de volta às aulas no Estado de São Paulo, o crescimento da incidência de covid-19 entre professores foi de 138%, ante uma alta de 81% na população de 25 a 59 anos.

O Sinpes reforça sua posição contrária à volta as aulas presenciais. “Alertamos que as instituições de ensino superior serão responsabilizadas pelos prejuízos que vierem a ser sofridos por professoras e professores em face da recalcitrância patronal na esteira de jurisprudência sedimentada pelo Supremo Tribunal Federal”, destaca o presidente do sindicato, Valdyr Perrini.