Curitiba decreta bandeira vermelha até 9 de junho

Bandeira passa a vigorar já neste sábado e proíbe eventos e manifestações





Secretaria de Saúde fala das medidas restritivas

A superlotação dos hospitais, os quase 10 mil casos ativos e o alto índice de transmissão da Covid-19 levaram a Prefeitura de Curitiba a adotar novamente a bandeira vermelha e o lockdown. O  Decreto n.º 940/2021 com medidas mais restritivas entra em vigor neste sábado, 29 de maio, e se estende até 9 de junho, uma quarta-feira. De acordo com o texto, ficam suspensas diversas atividades não consideradas essenciais. O decreto ainda impõe toque de recolher das 21 horas até às 05h00. Medida semelhante do Governo do Paraná é questionada pelo presidente Jair Bolsonaro em ação no STF. 

A adoção da bandeira vermelha acontece após o município manter o alto índice de letalidade (2,5%), sendo maior do que a do estado (2,4%) e abaixo da média nacional (2,8%). A média mundial é 2,1%. O aumento de casos nas últimas semanas passou dos 30%, com aumento de mortes em índices ainda inferiores. A nova bandeira é definida para frear a terceira onda. Na adoção do modelo na segunda onda, levaram-se 20 dias para ter uma queda “satisfatória” de casos.

Segundo a equipe da secretária de Saúde, Márcia Huçulak, existem mitos com relação a pandemia. Uma delas é com relação da transmissão no transporte público. Já a secretaria indagou que a alta na mobilidade das pessoas facilitam a transmissão. “A bandeira só muda se a sociedade se movimentar. Nosso inimigo é o coronavírus. Parece que existe embate entre a saúde e a área econômica. Não é verdade. A gente busca o equilíbrio dessa situação”, diz.

Márcia ainda assumiu que a Prefeitura não queria adotar novamente a bandeira vermelha. Assim o fez com o decreto de sábado e domingo. O problema é de que após 15 meses, as pessoas simplesmente estão se movimentando na cidade, aumentando também acidentes de trânsito.

Para a secretaria, a taxa de ocupação dos leitos estão muitos altos desde março e não estão baixando. “Tivemos aumento de 31% das internações de jovens e de pessoas como menos de 60 anos. O jovem, por não ter comorbidade, permanece mais tempo internado”, alerta. Para a Prefeitura de Curitiba, essa deve ser a última curva, principalmente com o avanço da vacinação. Para ajudar, a gestão vai pedir apoio do comércio para aumentar a testagem.

Escolas, igrejas e futebol

O decreto de Curitiba é omisso com relação a esses temas. Mas, segundo a Secretaria, nestes temas a cidade mantém a resolução estadual. Dessa forma, as partidas de futebol podem acontecer. Além disso, as aulas particulares seguem podendo ser realizadas, assim como cultos, só que público menor nos templos. A medida entra em contradição com o protocolo da Prefeitura de Curitiba que prevê fechando dessas atividades.

Medidas insuficientes

Para a vereadora Carol Dartora (PT), a cidade voltou para a bandeira vermelha porque não há uma gestão adequada da pandemia em Curitiba e na região metropolitana. Não existe fiscalização dos ônibus do transporte coletivo, que continuam rodando com lotação acima 70% da capacidade nos horários de pico.

Segundo a Prefeitura, no entanto, a circulação média do transporte está em 50% na média, não havendo relação direta entre transporte público e casos. Informação questionada plea vereadora. “A prefeitura não acatou a sugestão de rodízio nos horários de funcionamento dos comércios, o que poderia evitar esse problema e reduzir as taxas de transmissão do coronavírus. Tudo isso é muito desgastante para a população, que ainda precisa lidar com a falta de vacina, e também é muito punitivo para os pequenos comerciantes. Outro problema é que o prefeito Rafael Greca não exerce a liderança necessária para articular as medidas em conjunto com os município da região e barrar a circulação do vírus”, diz Dartora.

Ampliação da rede de leitos

Até segunda-feira (31/5), todas as UPAs de Curitiba vão virar unidades para internamentos de covid-19, e algumas unidades básicas de saúde passarão atender casos de urgência e emergência. A medida faz parte das ações da Secretaria Municipal de Saúde nesse período crítico da pandemia na capital. As mudanças começam nesta sexta-feira (28/5) pela UPA Pinheirinho, que ficará fechada para atendimento direto das 7h às 20h. Fora desse período atenderá apenas casos graves.

Horários de funcionamento no decreto

O decreto, a Prefeitura de Curitiba limita os horários de funcionamento de serviços não essenciais. Atividades comerciais de rua e prestação de serviços não essenciais: das 9 às 19 horas, de segunda a sábado, apenas nas modalidades delivery e drive thru, proibido o funcionamento aos domingos; galerias, centros comerciais e shopping centers: das 9 às 19 horas, de segunda a sábado, apenas na modalidade delivery, proibido o funcionamento aos domingos

Restaurantes de rua: das 10 às 22 horas, em todos os dias da semana, apenas no atendimento nas modalidades delivery, drive thru e a retirada em balcão (take away), vedado o consumo no local;  lanchonetes de rua: das 6 às 22 horas, em todos os dias da semana, apenas no atendimento nas modalidades delivery, drive thru e a retirada em balcão (take away), vedado o consumo no local; panificadoras, padarias e confeitarias de rua: das 6 às 20 horas, de segunda a sábado, aos domingos das 7 às 18 horas, vedado, em todos os dias da semana, o consumo no local; lojas de conveniência em postos de combustíveis: das 6 às 20 horas, em todos os dias da semana, vedado o consumo no local.

O decreto ainda permite o funcionamento das 7 às 20 horas, de segunda a sábado, sendo autorizado aos domingos apenas o atendimento na modalidade delivery até às 20 horas, para comércio varejista de hortifrutigranjeiros , quitandas, mercearias, sacolões, distribuidoras de bebidas, peixarias, açougues , feiras livres e comércio ambulante de rua de alimentos e bebidas;mercados, supermercados e hipermercados; comércio de produtos e alimentos para animais.

Para lojas de material de construção: das 9 às 1 9 horas, em todos os dias da semana, apenas no s atendimento s na s modalidade s delivery e drive thru.

MAIS DO DECRETO AQUI

Art. 1º Ficam estabelecidas medidas restritivas a atividades e serviços para o enfrentamento da Emergência em Saúde Pública, visando à proteção da coletividade, de acordo com a situação epidêmica do novo Coronavírus (COVID -19) e o Protocolo de Responsabilidade Sanitária e Social de Curitiba. 

Art. 2º Ficam suspensas as seguintes atividades , enquanto durar a situação de Risco Alto de Alerta – Bandeira Vermelha, para evitar aglomerações e reduzir a contaminação e propagação do novo Coronavírus (COVID -19):

I – estabelecimentos destinados ao entretenimento ou a eventos culturais, tais como casas de shows, circos, teatros, cinemas, museus e atividades correlatas;

II – estabelecimentos destinados a eventos sociais e atividades correlatas, tais com o casas de festas, de eventos ou recepções, incluídas aquelas com serviços de buffet, bem como parques infantis e temáticos;

III – estabelecimentos destinados a mostras comerciais, feiras de varejo, eventos técnicos, congressos, convenções, eventos esportivos com público externo, entre outros eventos de interesse profissional, técnico e/ou científico;

IV – bares, tabacarias, casas noturnas e atividades correlatas;

V – reuniões com aglomeração de pessoas, inclu ído s os concursos e processos seletivos, eventos, comemorações, assembleias, confraternizações, encontros familiares ou corporativos, em espaços de uso público, localizados em bens públicos ou privados;

VI – espaços de prática de atividades esportivas individuais e coletivas, localizados em praças e demais bens públicos ou privados, estendida a vedação às academias, clubes sociais e desportivos, condomínios e áreas residenciais.