Mesmo sem aprovação do Ministério da Saúde, Governo do Paraná segue recomendando uso da Cloroquina

“O tratamento da Covid-19 não pode ser tratado com tamanha irresponsabilidade e conivência do Estado”, afirma Requião Filho.




FonteAssessoria

Cloroquina foi usado pelo Governo do Paraná e ainda está em recomendação da SESA. Foto: SESA

O uso da Cloroquina em pacientes com coronavírus tem sido questionado pela Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid-19 no Senado e por médicos que atuam no combate à pandemia. O próprio Ministério da Saúde recuou e já retirou da página oficial as orientações sobre a aplicação do medicamento para o tratamento da Covid. No entanto, o Governo do Paraná segue com a recomendação de uso da Cloroquina em seu site oficial.

Diversas instituições no mundo já se manifestaram contrários ao medicamento para combater o coronavírus. A própria Organização Mundial da Saúde (OMS) chegou a afirmar que a medicação não reduz a mortalidade e ainda pode causar efeitos colaterais graves.

“Quando o uso da cloroquina é refutado pela Organização Mundial de Saúde, pela ciência e até mesmo pelo seu maior garoto propaganda, o Governo Federal, manter as recomendações para seu uso no site do Estado do Paraná ou só pode ser por incompetência, negligência, imperícia, imprudência ou incapacidade”, criticou o deputado Requiao Filho.

No Reino Unido e na União Europeia, a cloroquina e a hidroxicloroquina são usadas apenas sob prescrição médica para tratar malária e doenças autoimunes, como artrite reumatoide.

A Agência Europeia de Medicamentos defende que não há evidências científicas que comprovem a eficácia das substâncias contra a Covid-19 e afirma que estudos associaram doses altas dos medicamentos a um risco maior de problemas cardíacos e distúrbios neuropsiquiátricos, incluindo agitação, insônia, confusão, psicose e tendências suicidas.

Alvo de questionamentos na CPI, o uso da cloroquina ainda está entre as notas técnicas do Paraná.

Durante o seu depoimento à CPI, o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, foi questionado 11 vezes pelo relator da comissão, o senador Renan Calheiros, se ele concorda ou não com o tratamento precoce e o uso da cloroquina contra a covid-19, medida sempre defendida pelo governo de Jair Bolsonaro. Queiroga se esquivou de todas as tentativas, e não respondeu a nenhuma delas feita pelo senador.

Segundo o deputado Requião Filho, para combater a pandemia, é preciso avançar na vacinação.

“A única forma de vencer a pandemia é vacinar a população. Mas os índices da imunização ainda estão baixos e é preciso avançar. É muita irresponsabilidade do Governo do Paraná continuar recomendando o uso de medicamento, sem comprovação alguma, ao invés de focar na compra da vacina, que ainda é a única saída que temos”.