Mortes de profissionais da educação brancos subiu 316% no Paraná

EXCLUSIVO: Números de desligamentos ainda não contabilizam o retorno das aulas presenciais na rede pública





Secretário de Educação, o empresário Renato Feder antecipou o retorno das aulas presenciais. Foto: SEED

O mês é janeiro de 2020. O ano começa e a pandemia de Covid-19 ainda não é conhecida no Brasil. Neste mês, o Paraná registrou 9 desligamentos por mortes na educação. Essa média de mortalidade se mantém ao longo do ano, com registros maiores apenas em abril de 2020 e outubro, quando aconteceram 10 desligamentos por morte. Os números refletem a política de distanciamento social e realização de aulas em sistema remoto. Mas, em 2021, tudo isso mudou, como mostram os dados que o DIEESE obteve. E as principais vítimas são profissionais da educação brancos com contratos celetistas.

Em janeiro de 2021, os desligamentos na educação por mortes sobem para 14. O Paraná enfrentava sua maior onda de Covid-19, com milhares de casos e falecimentos refletindo a flexibilização das medidas de isolamento social. Desde de então, os números na educação não pararam de crescer. Foram computados 21 desligamentos por mortes em fevereiro, 33 em março e 30 em abril de 2021. Aumento de 250% de um período para o outro: 28 contra 98 desligamentos.

O levantamento do DIEESE com base em dados do CAGED contabiliza apenas os contratos celetistas, que retomaram as aulas presenciais no começo do ano, e ainda não registra os desligamentos a partir de maio, quando o governador do Paraná, Ratinho Junior (PSD), decidiu retomar aulas presenciais nas escolas públicas estaduais. 

O levantamento revela o perfil dessas mortes. Os desligamentos foram iguais entre mulheres e homens: 14 mortes para cada gênero entre janeiro a abril de 2020 para 49 mortes de cada gênero em igual período de 2021, aumento de 250%. Com relação a cor, o crescimento de desligamentos no recorte analisado foi de 316%. Saltou de 18 registros para 75. Já pretos e pardos aumentou de 6 casos para 10 casos em igual período entre 2020 e 2021.

Em maio, 200 colégios estaduais paranaenses, em 68 municípios, retornam às aulas presenciais. Foto: SEED

Para o economista Sandro Silva, do DIEESE, apesar de a maioria da população paranaense ser formada por brancos, é possível que o dado seja diferente. “Acredito que esta informação não é muito confiável, pois as empresas que preenchem esta informação (raça/cor) quando o trabalhador é contratado, e muitas sequer preenchem esta informação”, alerta Sandro, que complementa: “Este dado não deve estar correto, somando preto e parda está dando 10,2%, e sabemos que a pandemia atinge principalmente os mais pobres, que tem uma participação maior dos negros”. No estado, 33% da população é negra ou parda. A média brasileira é de 55%.

O deputado estadual Professor Lemos criticou duramente o Governo do Estado. “Agora não é só pisotear e jogar bomba, é a morte!”, sentenciou. O deputado exigiu do governo uma atitude mais firme para enfrentar a pandemia, cuidar da população, e proteger os educadores.

“Precisa proteger o nosso povo. Não podemos aceitar este número alto de contágio e mortes. Tivemos, em vários momentos, gente morrendo por falta de leitos. Não podemos ficar contentes com o ritmo da vacinação no Paraná. Está lenta!”, cobra. 

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